Hoje em dia colocar uma colher de
açúcar branco no cafezinho é considerado quase um pecado. Enquanto isso
adicionar algumas gotas de adoçante é visto com bons olhos. Ainda mais se você
estiver acima do peso.
Será que isso é verdade??
Pesquisas recentes mostram o
péssimo efeito dos adoçantes. Principalmente onde se acreditava que eles fossem
seguros: nos níveis de açúcar no sangue (glicemia).
O principal desses estudos foi
publicado na revista Nature( referência no fim do post) e mostrou que os
adoçantes (sacarina, sucralose e aspartame) podem produzir o que é chamado de
intolerância à glicose. Um dos primeiros sinais do início de diabetes tipo II.
Esse efeito foi visto tanto em camundongos como em humanos.
Se você ficou confuso, não
entendeu nada ou acha isso meio impossível, calma… Vamos explicar melhor.
Como o estudo foi realizado:
– Camundongos foram divididos em
grupos e recebiam na água: glicose, sacarose (açúcar comum), sacarina
(adoçante), aspartame (adoçante) ou sucralose (adoçante). Depois de 7 dias era
feita uma curva de reposta a glicose. Funciona assim: depois de um período de
jejum os animais recebem glicose por via oral e a quantidade de açúcar no
sangue é medida durante um tempo (quem tem diabetes as vezes também tem que
fazer o mesmo teste).
– O normal é que a glicose no
sangue aumente e depois, com o passar do tempo, vá diminuído. Ela diminui
porque o corpo controla os níveis de açúcar no sangue. Quando a glicose aumenta
é liberado o hormônio chamado insulina. A insulina faz com que a glicose saia
do sangue e vá para dentro das células. Onde é utilizada para termos energia.
– Mas o que aconteceu foi que nos
grupos que haviam tomado adoçante a glicose não diminuía com o passar do tempo.
Era como se as células deles não respondesse mais aos efeitos da insulina.
Exatamente o mesmo que ocorre no debates tipo II!!
Mas como os adoçantes fizeram
isso??
Os pesquisadores também ficaram
surpresos com esse fato e foram investigar o que estava acontecendo. O que
parece acontecer é que os adoçantes afetam a nossa microbiota (antes chamada de
flora) intestinal, que são as bactérias que vivem no nosso intestino e nos
ajudam no processo de digestão.
Pois bem, os adoçantes promovem o
crescimento de bactérias que não são muito boas. Bactérias que possuem na sua
membrana uma substância chamada lipopolissacarídeo (LPS), que entra na nossa
corrente sanguínea e provoca inflamação. Durante esse processo inflamatório,
ocorrem alterações no metabolismo que levam a resistência à insulina e assim ao
aumento de glicose no sangue. É quase o mesmo mecanismo pelo qual a obesidade
leva a resistência à insulina e ao diabetes.
Coisas que vocês deve estar
pensando:
Mas isso foi só em camundongos:
Não, eles fizeram um estudo menor em humanos e viram a mesma coisa.
Mas eles devem ter dado uma
quantidade muito grande de adoçante: Tanto em humanos como em camundongo foi
dada a quantidade diária segura para consumo de adoçantes segundo o FDA (órgão
americano regulador de medicamentos e alimentos, similar a ANVISA).
Mas esse efeito deve ocorrer
depois de anos tomando adoçantes: 7 dias! Em 7 dias já houve alteração da
glicemia no experimento com humanos.
Além disso….
Existem muitos outros estudos
sobre adoçantes. Segue algumas coisas que você deve saber antes de usar as
gotinhas:
– o uso continuo de adoçantes
alteram o nosso comportamento alimentar. Quando sentimos o gosto doce na nossa
boca, o nosso cérebro percebe que estamos nos alimentando, ativa nosso
metabolismo para receber glicose e entende que já estamos alimentados, assim
diminui a sensação de fome. Só que não vem glicose! Com o tempo, o cérebro, que
não é bobo, não associa mais o gosto doce a estarmos nos alimentando. Assim
você come doce e segue com fome. Por isso acaba comendo mais e mais e mais.
– quanto mais adoçante você usa,
mais adoçante precisa usar. Os adoçantes possuem um “poder doce” muito maior
que a sacarose (açúcar comum). Isso ocorre porque os adoçantes ativam muito
mais os receptores para sabor doce na nossa língua. Após muito tempo usando
adoçante esses receptores, que foram superestimulados, começam a responder
menos. Com isso para sentir o mesmo doce de antes você precisa usar mais adoçante…
e assim entra num círculo vicioso. Quanto mais adoçante usa, mais precisa usar
para sentir o sabor. Repara só em quem está começando a usar adoçante, coloca
uma gota no café e já acha super doce. Quem já usa adoçante a mais tempo nem
conta mais as gotas, já larga um esguicho de adoçante no café.
– adoçante faz com que você tenha
vontade de comer doce! Conforme já vimos, quando sentimos o gosto doce do
adoçante o cérebro entende que estamos comendo glicose. Se prepara todo para
chegada da glicose… que não vem. Com isso, o excesso de insulina liberado ao
sentirmos o doce do adoçante acaba baixando demais a glicose que você tinha no
sangue. Quando a glicemia baixa sinaliza para o cérebro que você PRECISA comer
doce. E ai vem aquela vontade avassaladora por um docinho!
Mas fique ligado, o adoçante não
está só nas gotinhas. Hoje eles estão por tudo!! Em todos os alimentos ZERO, em
sucos, em balas, em chicles, em iogurtes e até disfarçados de saudáveis nas
granolas.
Mas o que fazer então?
» Leia os rótulo para saber o que
está comendo.
» Acostume seu paladar com menos
açúcar.
» Prefira açúcares que possuem
algum nutriente a mais, como o açúcar mascavo.
» Consuma frutas, o açúcar
presente nelas vai diminuir sua tara pelo açúcar refinado.
» Mexa-se!!! Assim você gasta o
açúcar que consome e não precisa apelar para os adoçantes.
—
Para saber mais:
Artigo inspirador desse post:
http://www.nature.com/nature/journal/v514/n7521/full/nature13793.html
Revista A Bioquímica Como Ela,
sobre adoçantes:
http://abioquimicacomoelae.com.br/
Crédito de imagens “Tem Ciência No Teu Chá”.
Imagens meramente ilustrativas.
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