“Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente de amor.” (Madre Teresa de Calcutá)

“Amar é admirar com o coração. Admirar é amar com o cérebro.” (Theophile Gautier)


quinta-feira, 15 de março de 2018

O Lado Amargo dos Adoçantes


Hoje em dia colocar uma colher de açúcar branco no cafezinho é considerado quase um pecado. Enquanto isso adicionar algumas gotas de adoçante é visto com bons olhos. Ainda mais se você estiver acima do peso.


Será que isso é verdade??
Pesquisas recentes mostram o péssimo efeito dos adoçantes. Principalmente onde se acreditava que eles fossem seguros: nos níveis de açúcar no sangue (glicemia).

O principal desses estudos foi publicado na revista Nature( referência no fim do post) e mostrou que os adoçantes (sacarina, sucralose e aspartame) podem produzir o que é chamado de intolerância à glicose. Um dos primeiros sinais do início de diabetes tipo II. Esse efeito foi visto tanto em camundongos como em humanos.
Se você ficou confuso, não entendeu nada ou acha isso meio impossível, calma… Vamos explicar melhor.

Como o estudo foi realizado:

– Camundongos foram divididos em grupos e recebiam na água: glicose, sacarose (açúcar comum), sacarina (adoçante), aspartame (adoçante) ou sucralose (adoçante). Depois de 7 dias era feita uma curva de reposta a glicose. Funciona assim: depois de um período de jejum os animais recebem glicose por via oral e a quantidade de açúcar no sangue é medida durante um tempo (quem tem diabetes as vezes também tem que fazer o mesmo teste).

– O normal é que a glicose no sangue aumente e depois, com o passar do tempo, vá diminuído. Ela diminui porque o corpo controla os níveis de açúcar no sangue. Quando a glicose aumenta é liberado o hormônio chamado insulina. A insulina faz com que a glicose saia do sangue e vá para dentro das células. Onde é utilizada para termos energia.

– Mas o que aconteceu foi que nos grupos que haviam tomado adoçante a glicose não diminuía com o passar do tempo. Era como se as células deles não respondesse mais aos efeitos da insulina. Exatamente o mesmo que ocorre no debates tipo II!!



  

Mas como os adoçantes fizeram isso??
Os pesquisadores também ficaram surpresos com esse fato e foram investigar o que estava acontecendo. O que parece acontecer é que os adoçantes afetam a nossa microbiota (antes chamada de flora) intestinal, que são as bactérias que vivem no nosso intestino e nos ajudam no processo de digestão.

Pois bem, os adoçantes promovem o crescimento de bactérias que não são muito boas. Bactérias que possuem na sua membrana uma substância chamada lipopolissacarídeo (LPS), que entra na nossa corrente sanguínea e provoca inflamação. Durante esse processo inflamatório, ocorrem alterações no metabolismo que levam a resistência à insulina e assim ao aumento de glicose no sangue. É quase o mesmo mecanismo pelo qual a obesidade leva a resistência à insulina e ao diabetes.

Coisas que vocês deve estar pensando:
Mas isso foi só em camundongos: Não, eles fizeram um estudo menor em humanos e viram a mesma coisa.

Mas eles devem ter dado uma quantidade muito grande de adoçante: Tanto em humanos como em camundongo foi dada a quantidade diária segura para consumo de adoçantes segundo o FDA (órgão americano regulador de medicamentos e alimentos, similar a ANVISA).

Mas esse efeito deve ocorrer depois de anos tomando adoçantes: 7 dias! Em 7 dias já houve alteração da glicemia no experimento com humanos.

Além disso….
Existem muitos outros estudos sobre adoçantes. Segue algumas coisas que você deve saber antes de usar as gotinhas:

– o uso continuo de adoçantes alteram o nosso comportamento alimentar. Quando sentimos o gosto doce na nossa boca, o nosso cérebro percebe que estamos nos alimentando, ativa nosso metabolismo para receber glicose e entende que já estamos alimentados, assim diminui a sensação de fome. Só que não vem glicose! Com o tempo, o cérebro, que não é bobo, não associa mais o gosto doce a estarmos nos alimentando. Assim você come doce e segue com fome. Por isso acaba comendo mais e mais e mais.

– quanto mais adoçante você usa, mais adoçante precisa usar. Os adoçantes possuem um “poder doce” muito maior que a sacarose (açúcar comum). Isso ocorre porque os adoçantes ativam muito mais os receptores para sabor doce na nossa língua. Após muito tempo usando adoçante esses receptores, que foram superestimulados, começam a responder menos. Com isso para sentir o mesmo doce de antes você precisa usar mais adoçante… e assim entra num círculo vicioso. Quanto mais adoçante usa, mais precisa usar para sentir o sabor. Repara só em quem está começando a usar adoçante, coloca uma gota no café e já acha super doce. Quem já usa adoçante a mais tempo nem conta mais as gotas, já larga um esguicho de adoçante no café.

– adoçante faz com que você tenha vontade de comer doce! Conforme já vimos, quando sentimos o gosto doce do adoçante o cérebro entende que estamos comendo glicose. Se prepara todo para chegada da glicose… que não vem. Com isso, o excesso de insulina liberado ao sentirmos o doce do adoçante acaba baixando demais a glicose que você tinha no sangue. Quando a glicemia baixa sinaliza para o cérebro que você PRECISA comer doce. E ai vem aquela vontade avassaladora por um docinho!

Mas fique ligado, o adoçante não está só nas gotinhas. Hoje eles estão por tudo!! Em todos os alimentos ZERO, em sucos, em balas, em chicles, em iogurtes e até disfarçados de saudáveis nas granolas.

Mas o que fazer então?
» Leia os rótulo para saber o que está comendo.

» Acostume seu paladar com menos açúcar.

» Prefira açúcares que possuem algum nutriente a mais, como o açúcar mascavo.

» Consuma frutas, o açúcar presente nelas vai diminuir sua tara pelo açúcar refinado.

» Mexa-se!!! Assim você gasta o açúcar que consome e não precisa apelar para os adoçantes.


Para saber mais:

Artigo inspirador desse post:
http://www.nature.com/nature/journal/v514/n7521/full/nature13793.html

Revista A Bioquímica Como Ela, sobre adoçantes:

http://abioquimicacomoelae.com.br/

Crédito de imagens “Tem Ciência No Teu Chá”. Imagens meramente ilustrativas.

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